Meu tão vivido velho.
Suspiro fundo tentando em vão afastar o monstro que tomava minha mente e volto a olhar o trem, aquele barulho ensurdecedor me proporcionava uma sensação que a muito não sentia: Liberdade. Ouvi uns passos e ao erguer minha cabeça vi a cena mais marcante de minha vida, quase arrastando seu chinelo velho foi se aproximando com sua forte presença tão forte quanto aquelas marcas que em seu rosto me escancaravam sua considerável carga de monstros que o acompanhavam até aquele ali e aquele agora. E o cheiro... Respirei fundo e retribui o sorriso do ser que agora tão docemente invadia minha privacidade. Deu-me um cutucão no ombro e postou a tomar seu café. Eu com meu copo de porcelana amarelado antes de me deliciar com aquele prazer imensurável pus a reparar o que me ocorria. Ele com um sorriso no rosto, uma mão em minha perna e um café a boca era dono de um poder tão grande que eu em minha regrada insignificância jamais seria digno de possuir, ele me fazia sorrir... Eu que agora não desviava meu olhar daquela figura tinha minhas dúvidas e meus medos, mas não seria tolo o suficiente em interrompê-lo com perguntas inúteis. O que mais me encantava naquela figura paterna eram sua coragem e disposição, pra ser o que era todo aquele tempo de existência e por me ensinar tudo o que eu sabia mesmo com tão poucas palavras, mas sempre tão sábias. Estava atônito ao observá-lo tomando seu café e a pensar quão idiota era por me importar com problemas tão pequenos quando podia simplesmente ser como ele era, era tudo o que eu sempre quis. De repente sem pretender meu coração dispara e como num choque volto a mim e volto a reparar o trem que longe já se via apitando e carregando consigo meus monstros me deixando agora com meu avô as gargalhadas de meu susto "Ande, tome seu café rapaz!" E me deixando também tolo o suficiente para começar gargalhar junto e começar a me deliciar com aquela maravilhosa sensação de criança protegida.
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Ao meu avô, o pai que eu nunca tive. Eu te amo vô *-*'

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