Maldita semelhança
Estou sozinho. Tanto fiz que cá estou, eu em minhas lamurias tolas e numa indecisão tão confusa e quase sem sentido. Percebo que quanto mais me aproximo das pessoas mais me pareço com elas, e não que eu não goste disso é só que eu, bem, eu realmente não sei o que dizer. Foi rápido, fácil e quase sem se notar, quando dei por mim e eles por eles, estavam lá e eu cá. Eles notaram, alguns poucos se queixaram bem pouco, e eu estou começando a notar as diferenças.
Na verdade eles fazem falta, os amigos, é, talvez fosse algo que alguém tão pequeno como eu não fosse digno de possuir e talvez esse mesmo alguém tão pequeno fosse o responsável por perceber isso. E se assim for, cá estou, e bem certo. Não certo por cá estar, certo por lá os deixar. Eu não suporto nem a mim mesmo, quem dirá a eles. E quando eu digo eles, é qualquer tipo de eles que imaginares, todos eles sejam como for, qual desígnio de identificação ou afeição que haja, eles, todos eles são, ou melhor, não são. Os novos se cansam e logo esquecem, os antigos se acostumam e também esquecem. No fim tudo cai no esquecimento mesmo, deixo estar. E cá ficar...

Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi. Caio Fernando Abreu.

1 comentários:

sarah disse...

Triste, mas encantador, o que você escreve é muito confortável por assim dizer.

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