Oitenta e poucos em dezessete anos
Começar a chorar. Começar a chover. Reconhecer que fez tudo o que temia por uma vida, chorar por tudo o que era pra ser e por algum motivo não foi, lamentar pelo que se perdeu do mundo, perdeu das pessoas, e de si mesmo. Dos amores não correspondidos e demasiado doados, das idéias reversas de um coração tão instável, das angústias sentidas, das vontades repentinas, sede por descoberta. Medo do passado que me assombra, do hoje que me enoja e do futuro que nunca vem. Planos que nada me acarretam a não ser por uns momentos tolos de esperanças bobas que logo se apagam com as lágrimas que se escorrem. E a chuva. E o frio. Você tem medo do que foi, e do que te espera para ser, tem medo de não conseguir corresponder às expectativas, tem medo de não conquistar o sonho e terminar sozinho. No final você descobrirá que nada disso importa e que no fim, bem no fim, é só você contra você mesmo. Por agora as lágrimas me invadem e o frio me consome. Sentado em um café qualquer, olhando pela embaçada vidraça, a chuva que aos poucos começa a passar.

1 comentários:

Anônimo disse...

Sonhar é algo que dá sentido. E eperança é força que nos faz chegar lá.

Sempre passo aqui e leio seus textos. Gosto muito.

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